19∕04 – Hoje começo meu diário de pesquisa sem
mesmo ter definido uma questão para o projeto. Aqui contarei toda minha
travessia desde não ter um tema escolhido até a pesquisa pronta. Ele será uma
forma de refletir sobre as escolhas que estarei tomando e também um lugar onde
poderei depositar minha animação, meus medos e minhas dúvidas.
Minha
orientadora está com muitos projetos e disse que me chamará apenas a partir de
maio, mas era importante já no nosso primeiro encontro ter uma ideia mais ou
menos clara do caminho que irei seguir. Lendo artigos disponíveis na internet,
conversando com colegas e outros alunos de IC, decidi entrar no campo da
análise de discurso de linha francesa. Meu amigo me perguntou se meu foco seria
a teoria ou definiria algum objeto para ser analisado e isso me deixou bastante
pensativa. Mas aquilo que chamou atenção na AD foi justamente esse trabalho com
textos em circulação, os discursos midiáticos, etc. Logo, prefiro buscar algo
mais pragmático. E talvez tenha achado, de fato.
Numa aula da DCG que estou tendo com minha
orientadora, ela estava discorrendo sobre Althusser e a questão dos aparelhos
ideológicos de Estado que nos reprimem. Então ela adentrou num assunto no qual
eu já estivera pensando, o apassivamento, o sujeito que não se assume no
discurso. Tinha em mente trabalhar com psicanálise, mas não estava tão animada
quanto esperava estar. Apassivação e ideologia, todavia, me deixou muito
interessada. Logo no intervalo conversei com a professora e ela pareceu gostar
da minha proposta, inclusive me fez pensar sobre os discursos de ódio que
correm pelas redes sociais, vindos de sujeitos que agem por uma ideologia tão
forte que fala por meio das palavras deles. Em menos de dez minutos já avistava
um novo caminho e, finalmente, um objeto a ser analisado.
Agora é esperar a primeira conversa formal
com a orientadora, o momento de sentar-se à mesa e discutir seriamente sobre os
passos a serem tomados e todas essas coisas que envolvem uma pesquisa. Estou
ansiosa, com um tanto de medo, mas empolgada, também. Nas horas vagas leio
artigos e outras pesquisas de AD para me familiarizar e até para encontrar
métodos que talvez possa usar no meu projeto.
No momento, o livro “Análise de Discurso em perspectiva: Teoria Método e
Análise”, organizado por Verli Petri e Cristiane Dias está sendo uma leitura
muito agradável e agregadora, sem contar na grande referência brasileira que é
Eni Orlandi com seu “Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos”.
Betiane, seu texto está muito bom! Parabéns!
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