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Diário de pesquisa 1 - Deleuze, Cinema I

Estou iniciando uma pesquisa que contemplará três grandes áreas interconectadas. São elas a literatura, a Filosofia e o Cinema (ou teoria do cinema). A principal motivação para esta pesquisa é compreender o percurso intelectual de autores como Gilles Deleuze e Stanley Cavell, que mantêm uma agenda teórica com essas disciplinas em diálogo. Os meus diários de pesquisa serão dedicados às obras: Cinema I: A Imagem-movimento, de Gilles Deleuze e The World Viewed, de Stanley Cavell. Segue abaixo o fichamento, ainda incompleto, do primeiro capítulo de Cinema I:


DELEUZE, Gilles. Cinema I: A imagem-movimento. Trad. Stella Senra. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

Capítulo: Teses sobre o movimento. Primeiro comentário de Bergson

1)    Primeira tese de Bergson do movimento

Deleuze inicia uma ontologia do cinema comentando sobre três teses bergsonianas do movimento:

- “primeira tese, o movimento não se confunde com o espaço percorrido. O espaço percorrido é passado, o movimento é presente, é o ato de percorrer” (p. 6).

-“não se pode reconstituir o movimento através de posições no espaço ou de instantes no tempo, isto é, através de ‘cortes’ imóveis” (p. 6).

- “O cinema nos oferece então um movimento falso, ele é o exemplo típico do movimento falso. Mas é curioso que Bergson dê um título tão moderno e tão recente ("cinematográfico") a mais antiga ilusão. Com efeito, diz Bergson, quando o cinema reconstitui o movimento por meio de cortes imóveis, ele não faz nada além do que já fazia o mais antigo pensamento (os paradoxos de Zenão), ou do que faz a percepção natural. A esse respeito Bergson se distingue da fenomenologia, para a qual o cinema antes romperia com as condições da percepção natural” (p. 7).

- “Ele dizia, por exemplo, que a novidade da vida não podia aparecer em seus primórdios, porque no início a vida era forçada a imitar a matéria... Não é a mesma coisa para o cinema? Em seus primórdios o cinema não é forçado a imitar a percepção natural?” (p. 8).

- “Por um lado, há uma crítica contra todas as tentativas de reconstituir o movimento com o espaço percorrido, isto é, somando cortes imóveis instantâneos e tempo abstrato. Por outro lado, há a crítica do cinema, denunciado como uma dessas tentativas ilusórias, como a tentativa que faz culminar a ilusão” (p. 8).



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