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Resenha Crítica



PARRET, Herman. Pragmática. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 7, p.39-51, 1984.
Matheus Schmidt,
Henrique Pinto Webber
Gabriel Larré


            O estudo da pragmática é fundamental dentro da linguística, tendo Herman Parret como um nome basilar. Belga de nacionalidade, ao longo da sua caminhada acadêmica, contribuiu com inúmeros artigos, livros, entre outras publicações que abordam o tema da pragmática. Nesse texto o autor deixa claro a evidente distinção/relação entre a pragmática com a semântica.
            Ao longo do texto, e de forma linear, Parret enumera todas as questões que serão abordadas em seu artigo, respeitando a ordem previamente estipulada. Após visto esses cinco contextos, no terceiro parágrafo, os tipos de contextos em pragmática. Observa-se também, ao decorrer dessas argumentações, a lógica com que Parret costura em seu texto, criando unidade de um tópico a outro, aumentando a coesão textual.
            Ao iniciar as explicações teóricas dos contextos, o autor apresenta primeiramente o co-texto como contexto, isto é, “o co-texto funciona aqui como um contexto de descodificação”. (PARRET, 1984, p.40). No entanto, por revelar insatisfatória a explicação por si só, precisa-se observar em relação a outros tipos de contextualidade. O segundo contexto é definido como “contexto existencial”. Esse princípio refere-se à consideração de quem fala e de quem compreende, juntamente com sua localização espaço-temporal. É importante observar que o mundo existencial real e possível pode também ter interferências na construção linguística em relação ao discurso.
            O terceiro contexto refere-se ao situacional em que está interligado a fatores que podem determinar parcialmente o seu significado. Esses fatores consistem em um cenário físico social – ambientes do dia-a-dia - e em regras específicas e rotinas próprias do falante. O quarto contexto é o acional, sendo que a expressão linguística é uma ação intencional, ou seja, quem a transmite deseja que seja reconhecida como tal. O diálogo se torna interacional, uma interação cooperativa e coordenada. O último contexto é o psicológico. Torna-se necessário por incorporação às categorias mentais e psicológicas no discurso e nos atos da fala. Nesse ponto, somente as intenções, crenças e desejos que são reconhecidos pela sociedade, isto é, convencionais, são importantes na descrição e explicação pragmática do contexto psicológico. Os contextos servem para melhor entender a pragmática do texto, a lógica, a orientação sociológica, a fala como elemento de interação, a orientação psicológica, como expostos acima.  
            Logo em seguida, a discussão gira em torno da ligação do sentido discursivo ao contexto. Os tipos de contexto, como visto anteriormente, devem ser rigorosamente distinguidos e sua relevância precisa ser investigada, assim, aplicando estratégias pertinentes a uma gramática que visa à compreensão das sequências linguísticas, ao invés de apenas regras. Dito isso, os contextos não estão desassociados aos processos de comunicação, eles são dinâmicos, resultado da criatividade do próprio falante.
            Essas estratégias geram um segundo ponto, a racionalidade ligada ao discurso. A competência comunicativa são processos de raciocínio. Uma atividade inferencial que pressupõe uma metalinguagem, que pode ser descritiva – natural - e prescritiva – não natural.
            O último ponto leva a considerar as estratégias de compressão. “Toda a metáfora das teorias linguísticas contemporâneas sugere evidentemente que a produção das sequências linguísticas é considerada como paradigmática da atividade linguística”. (PARRET, 1984, p.45). Assim, faz parte do estudo da pragmática compreender a língua e suas especificações. A língua deve funcionar ora como interpretação, ora como explicação, ora como tradução, e isso faz parte ao falante. Essa conotação prática é um conceito básico para a pragmática.
            Em resumo, a pragmática é percebida pela relação intrínseca da relação contextual do discurso, a rigor, introduz o sujeito ao discurso sem ser subjetivo. A relação apresentada aqui é a dependência do contexto no discurso, a racionalidade dependente e a orientação para compreender e interpretar essa teoria, ou seja, suas estratégias numa comunidade comunicativa.
            O artigo “Pragmática”, de Herman Parret, visa o estudo linguístico e filosófico acerca desse termo. Como é multidisciplinar, e para que possa ser evitado a confusão entre pragmática e semântica, o autor distingue e enumera aspectos importantes para a compreensão de seu raciocínio.
Obviamente, para quem não é da área linguística/filosófica, o texto acaba se tornando um desafio quanto a sua leitura. Porém, é um texto para todos aqueles que se interessam pelo assunto e querem abranger o seu conhecimento sobre o tema exposto. A rigor, é possível, ainda com esses desafios específicos, pelo uso da argumentação lógica feita pelo autor, acompanhar os conceitos que envolvem o assunto, evidenciando o contraste entre pragmática e pragmaticismo.  

Para Parret, por mais que seja um assunto de seu meio (tornando-se acessível à sua composição), ainda assim tenta tornar a discussão em um “modo mais fácil” (PARREt, 1984, p. 39). Trazendo, passo a passo, cada assunto constituindo parte do todo, é por meio desse “esboço diacrônico do termo” (PARRET, 1984, p. 39) que se faz diferenciar entre esses próprios termos.

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