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Resenha - PRAGMÁTICA, Herman Parret / Grupo: Isabel, Julia, Natasha, Rodrigo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE ARTES E LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
LTV1081 – PRODUÇÃO TEXTUAL III – OFICINA DE TEXTO ACADÊMICO

RESENHA DO TEXTO PRAGMÁTICA, DE PARRET
Isabel Motta, Julia Pires, Natasha Bastos, Rodrigo Luz
PARRET, Herman. Pragmática. Cadernos de Estudos Linguísticos, nº 7, 1984, p. 39-51.
O autor de Pragmática, Herman Parret é um nome de grande destaque na área da Linguística, Semiótica e Filosofia da linguagem. De nacionalidade belga, Parret é licenciado em Filologia Romântica e possui PhD em Filosofia pela Universidade de Leuven, onde é professor emérito desde 2004. Foi também professor convidado na Unicamp, USP, na Universidade da Califórnia em San Diego, na Università La Sapienza em Roma, além de ter apresentado diversas palestras em universidades estrangeiras.
Neste artigo em específico, publicado no periódico da Unicamp e destinado aos pesquisadores dessa área, Parret pretende, em primeiro lugar, diferenciar o termo pragmática dos seus correlatos, sintaxe e semântica (principalmente do segundo), além de expor os cinco tipos de contexto do discurso que, por sua vez, permitem classificar os tipos de pragmática e explicar as características essenciais desse ramo da linguística.
            Parret propõe um entendimento mais geral acerca da pragmática, focando na delimitação do limite entre ela e a semântica . Utiliza para isso uma série de autores, concebendo alguns conceitos pré-definidos que ficam subentendidos no texto. Define as relações entre pragmática e semântica dentro de determinados contextos. Sendo esse termo – contexto – definido sob várias perspectivas que veremos no decorrer do texto. O autor afirma que a pragmática está relacionada principalmente a uma ação estratégica: a compreensão da "racionalidade ligada ao discurso" através da "construção dinâmica de contexto".
Estabelece que, a semântica trabalha com um "conceito bipolar" enquanto a pragmática com um conceito "triangular". A semântica clássica compreende a relação entre pensamento e realidade, a pragmática leva em consideração a intermediação de um conceito inferida pelo "ser raciocinador", tanto de quem fala quanto de quem compreende. Duas palavras se sobressaem nas postulações do autor, produção e compreensão. A produção do discurso deve se equivaler a compreensão, ambos tornam-se objetos importantes na perspectiva da pragmática.
Passando por autores da lógica, filosofia da linguagem e linguística, Parret destaca concluindo seu texto as ideias de Morris. Explícita ele que, pode se ler em Morris duas concepções caracterizantes da pragmática, uma minimalista: reduzindo a pragmática ao um componente do tripé da semiótica; e uma maximalista: elegendo a pragmática como base integradora da teoria global dos signos e do sentido, sendo a concepção minimalista a mais comum aos linguistas tradicionais.
Tecendo um emaranhado de ideias, ora relacionadas à semiótica, ora em oposição à semântica, Parret, não determina uma só definição à pragmática. Mas, se baseia nas inúmeras referências citadas ao longo do texto, possibilidades de atribuições da análise pragmática. Embora não ocorra uma só definição, percebe a complexidade da gramática que possuem sua formulação não só no campo do signo, do falante, do lugar de fala, mas no conjunto das relações desses fatores. A ação e a interpretação dessa ação no discurso e na fala, de quem fala e de quem interpreta, cabem para uma análise do ponto de vista pragmático.
Em seguida são apresentados os contextos no qual pretende introduzir um panorama das orientações mais expressivas em pragmática, que seriam: pragmática do texto, a pragmática lógica (contexto existencial), a pragmática orientada sociologicamente (contexto situacional), teoria dos atos da fala (contexto acional), e pragmática orientada psicologicamente (contexto psicológico). Assim, os tipos de contextos distinguem e confundem-se constantemente, e sua taxionomia é incompleta.
Porém, ainda numa definição genérica, o termo ‘pragmática’ pode ser empregado adequadamente, pois, indica uma perspectiva específica e também uma atitude reconhecível em relação à língua e a outros sistemas de signos. O autor da resenha vai desenvolver três características do que chama de "atitude pragmática", são elas: a Ligação contextual do sentido discursivo, a especificidade da Racionalidade ligada ao discurso, e a heurística especial que a compreensão, ao contrário de produção, tem para uma abordagem pragmática da linguagem, as Estratégias de compreensão.
Parret em seu artigo consegue delinear o caminho que o leitor precisa para conhecer e compreender mais sobre a Pragmática. Organiza a classificação dos ‘ tipos’ de contextos que acercam os estudos pragmáticos, descreve e explica a correspondência de cada um deles e suas constituições nas diversas vertentes que os estudos da área se debruçam. 
 Portanto, o texto está carregado de referências que categorizam cada uma dessas vertentes, que dificultam a compreensão mesmo que estejam esmiuçadas. A dificuldade encontra-se justamente no fato de se tratar de um texto fechado, bastante teórico e complexo para o leitor. É necessário um contato anterior com algum dos autores citados, ter ouvido falar ou até mesmo lido algo semelhante, para compreender as ideias abordadas durante o desenvolvimento do assunto no artigo.

Como se trata de um texto com um conteúdo teórico, ele está mais voltado para aqueles que de alguma forma já são entendidos sobre os estudos, os tipos de contextos orientados psicologicamente ou sociologicamente e sobre a pragmática propriamente dita. A linguagem utilizada é bastante formal e, por isso, seu artigo não será bem aproveitado por qualquer leitor, mas faz-se necessária sua leitura para o meio acadêmico.

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